Coluna: Geral RS

Hospital do RS tem contas bancárias bloqueadas e pode ficar sem sedativos
02 de Abril de 2021 às 20:03
Hospital pode ficar sem medicamentos na próxima semana. Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS
Hospital pode ficar sem medicamentos na próxima semana. Foto: Diogo Sallaberry / Agencia RBS

O hospital de São Francisco de Paula, na Serra gaúcha, vive uma situação dramática e que pode piorar ainda mais a partir de segunda-feira (5). Com as três contas bancárias bloqueadas judicialmente, a instituição não tem como pagar a equipe médica e, tampouco, realizar aquisições de sedativos para pacientes entubados. Os três pacientes que estão em regime de semi-UTI poderão sofrer com a falta desses medicamentos, que a instituição garante ter estoque até a próxima segunda.

O imbróglio iniciou antes de 2017, quando a atual administração assumiu o hospital. Um escritório de advocacia foi contratado por R$ 20 mil para representar a instituição na coordenadoria da Capital. Entretanto, os advogados nunca receberam pelos três meses de contrato. Quando o atual administrador do São Francisco de Paula, Eduardo Iotti, conheceu essa dívida, ela já estava correndo em processo na Justiça. Após cinco rodadas de negociações, em setembro de 2020 o escritório ofereceu a proposta de receber R$ 60 mil, sendo R$ 20 mil de entrada e o restante dividido em 30 parcelas. O negócio foi prontamente aceito pelo hospital, mas que ficou para análise dos credores.

Sem resposta até então, a instituição foi surpreendida no dia 30 de março, quando o governo do Estado anunciou o repasse de R$ 80 mil. Segundo Iotti, recentemente foram descobertas que três contas, em bancos diferentes, estavam todas bloqueadas pela Justiça em virtude desse processo. Além disso, o escritório cobrava, agora, R$ 80 mil.

— Estou com quase R$ 180 mil bloqueados e não posso mexer em nada. Não consegui pagar a folha dos médicos, não consegui pagar os fornecedores — relata o administrador do hospital, que complementa:

— Do dia 30 até hoje não conseguimos movimentar e nem levantar o bloqueio das outras contas. O que a gente poderia fazer? Bloquear os R$ 79 mil que ele está pedindo, ok. Vamos conversar. Só que precisa liberar as outras contas para que a gente consiga trabalhar. O Fórum de Porto Alegre não nos atende e ninguém responde os nossos e-mails. Estamos de mãos amarradas e com as contas bloqueadas.

O hospital está buscando alternativas para conseguir reabastecer o estoque de sedativos, enquanto a falta de oxigênio não deve ocorrer. Iotti acredita que a empresa fornecedora manterá o serviço, mesmo com atraso no pagamento. O grande problema está na aquisição dos medicamentos. Além da alta no valor — uma ampola passou de R$ 20 para R$ 180 —, a empresa de São Paulo exige pagamento adiantado e tem o prazo de entrega estendido.

— Eu precisava que tivesse desbloqueado ontem (quinta-feira, dia 1º) para dar andamento na aquisição de novos anestésicos. Hoje (sexta, 2) é feriado, sábado (3) e domingo (4) ninguém trabalha. Segunda de manhã eu vou trabalhar para adquirir novos medicamentos, mas naquela condição de abrir as contas com recurso zero. A gente vai ter de se socorrer de alguém que se pré-disponha a emprestar o valor até desbloquear o nosso.

A prefeitura de São Francisco de Paula prometeu ajuda financeira, só que ela não deve se concretizar antes de quarta-feira (7). A reportagem fez contato com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

— E se perdermos alguém por falta de anestésico ou oxigênio? — questiona o administrador.

O Hospital São Francisco de Paula possui 11 leitos clínicos, com nove ocupados; 35 vagas para pacientes covid-19, tendo 20 ocupados e três deles estão entubados; além de 15 leitos para saúde mental, com 14 ocupados.


Fonte: RD Foco

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