QUE TRAGÉDIA! (Nolfeu Barbosa)
Uma catástrofe climática sem precedentes devastou o nosso Rio Grande do Sul. Nem um roteirista de cinema teria conseguido escrever algo assim, tão dramático e destrutivo, como essa tragédia que se abateu sobre o nosso estado e seus municípios. Cenas assustadoras, como se tivessem saído da tela de um filme de terror, foram assistidas por milhões de pessoas, tanto no resto do país como no mundo inteiro, que voltaram os olhos para o nosso estado. Essa foi, e ainda está sendo, a maior tragédia climática de todos os tempos, já ocorrida em nosso estado. Nós vimos, pela televisão, verdadeiras cidades fantasmas, destruídas, parecia que por ali havia passado um furacão ou um tsunami. Cenas comovedoras de resgate de pessoas e animais flagelados inundaram as telas das televisões de todo o país. Cenas emocionantes de familiares se reencontrando, contrastando com cenas desoladoras de pessoas que descobriram que seus familiares haviam morrido na enchente. Os dramas familiares são inúmeros. Tem crianças perdidas, irmãos que se perderam uns dos outros, pais procurando filhos e filhos procurando os pais, uma verdadeira tragédia.
As forças táticas, os bombeiros e a defesa civil, mostraram-se incansáveis na busca por pessoas e animais em situação de risco. Mas há de se louvar a atuação importantíssima dos voluntários. Esses foram e estão sendo verdadeiros anjos da guarda, salvando pessoas aqui e ali, sem descanso e às vezes até sem dormir, que coisa louvável.
Artistas, cantores, esportistas e outras personalidades do nosso país não se omitiram em ajudar o povo do nosso estado. Pessoas famosas daqui e do resto do país “meteram a mão na massa” e ajudaram a salvar pessoas que eles nunca viram na vida, mostrando grande altruísmo e empatia.
Uma catástrofe desse porte mostra o lado bom das pessoas, mas também deixa evidente o lado ruim de certas pessoas. Um lado muito negativo são os saques às residências flageladas. Os ladrões fazem um rescaldo nas casas inundadas e levam o resto que sobrou da enchente. Mas o que esperar de pessoas que roubam a própria mãe para sustentar seus vícios em drogas? São apenas párias da sociedade.
Outra coisa muito grave são os maus políticos, que estão se aproveitando desse momento tão triste para fazer proselitismo e catapultar suas campanhas políticas. Para esses “sem noção” existe uma solução prática: anote seus nomes e não vote nesses canalhas.
Mas a coisa mais grave, durante a tragédia de agora, são as Fake News, aquelas notícias falsas que são lançadas nas redes sociais, com o visível intuito de causar confusão entre as pessoas, de distorcer a verdade, não se sabe bem com que finalidade. Nessa onda embarcam até poderosos meios de comunicação, que divulgam matérias mentirosas sem a devida checagem. As personalidades televisas também se prestam a divulgar Fake News sem o menor constrangimento. Mas o pior é o povo, que se deixa manipular pelas redes sociais e fica repassando mentiras, sem sequer verificar sua fonte e sua veracidade. Desconhecem, esses inocentes úteis que, mesmo que sua intenção seja informar, estão causando mais mal do que bem à sociedade.
Aqui, na nossa Montenegro do Morro São João, a coisa não foi diferente de outros municípios. Bairros inteiros foram atingidos pelas enchentes, com pessoas perdendo tudo ou quase tudo o que tinham. Perderam bens materiais, perderam suas casas e seus móveis. Uma das coisas que mais me comovem é passar pelas ruas e ver aquele monte de móveis descartados na frente das casas, à espera do recolhimento feito pela prefeitura. É de partir o coração, ver tanto esforço despendido na compra desses bens e ver tudo isso transformado num monte de lixo. Quantos sonhos destroçados, quanta esperança de viver uma vida melhor foram simplesmente levados pelas águas. As pessoas têm sentimentos e naturalmente se apegam aos seus bens materiais, suas coisas, seu patrimônio. Mesmo que esses bens possam ser repostos, nunca será como antes. Muitas pessoas perderam documentos, fotos de família que são verdadeiras relíquias e que jamais poderão ser recuperadas. Outras perderam celulares, joias, relógios, peças de vestuário e alguns ficaram apenas com a roupa do corpo. Certamente todas perderam seus sonhos, quer seja pelas casas destruídas ou pelos carros que ficaram submersos na água lamacenta. Quanto tempo essas pessoas levarão para se recompor, tanto no sentido material quanto psicologicamente? Será preciso muita força e resiliência, para começar tudo de novo.
Depois da tempestade vem a bonança. Será, mesmo? O cenário que espera os flagelados, após a tempestade, é desolador. O grande desafio agora é recomeçar, reconstruir tudo o que foi perdido, criar novos sonhos e seguir em frente. Desistir? Nunca! A vida segue, e temos que seguir vivendo. Se não por nós mesmos, pelo menos pelas pessoas que nos amam e que nós tanto amamos. E pedir a Deus, em oração, que a próxima enchente não seja tão violenta quanto foi essa de agora.
Por Nolfeu Barbosa.