Coluna: COLUNA DO BARBOSA

Instantes (Don Herold)
21 de Julho de 2023 às 08:00
O texto que abre a coluna de Nolfeu Barbosa nesta sexta, 21, traz uma indagação: Quanto vale ter cada vez mais, sem ter um tempo para o que realmente vale a pena?
O texto que abre a coluna de Nolfeu Barbosa nesta sexta, 21, traz uma indagação: Quanto vale ter cada vez mais, sem ter um tempo para o que realmente vale a pena?

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida. Claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feito a vida: só de momentos - não percam o agora.
Eu era um desses que nunca ia à parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um paraquedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais entardeceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.

Daqui a 100 anos, em 2123, estaremos todos enterrados com os nossos familiares e amigos. Estranhos viverão nas nossas casas e possuirão tudo o que hoje temos. Todas as nossas propriedades serão de ilustres desconhecidos, que talvez ainda nem tenham nascido. Os nossos descendentes nem se lembrarão de nós. Quem de nós conheceu o pai do seu avô? Depois de nossa morte, seremos lembrados por alguns anos, depois seremos apenas um retrato na estante de alguém e, alguns anos depois, nem isso mais seremos... Nesse momento conseguiríamos perceber o quão ignorante e deficiente é o sonho de querer conquistar tudo.

Se nós pudéssemos pensar nisso antes de partirmos, certamente as nossas prioridades mudariam, com certeza seriam outras e a pergunta mais importante é: - "Quanto vale ter cada vez mais, sem ter um tempo para o que realmente vale a pena?"
Com certeza trocaria tudo para viver e desfrutar daqueles passeios que nunca fiz... Com certeza trocaria tudo por aqueles abraços não dados... Com certeza trocaria tudo por aqueles beijos nos filhos e nos nossos amores.... São esses momentos que enchem a nossa vida de alegria e que desperdiçamos dia após dia... Ainda há tempo para nós.
Mude!!! Evolua sempre e constantemente. Mude, enquanto ainda há tempo. Não perca as oportunidades que a vida oferece.

A LIÇÃO

Um jovem encontra um senhor de idade e diz:
- Bom dia, professor. Lembra de mim?
O senhor o olha, fixamente, e diz:
- Não lembro...
Então o jovem diz que foi seu aluno. O professor pergunta:
- O que você está fazendo, o que você faz para viver?
O jovem responde:
- Bem, eu me tornei professor.
- Ah, que bom, como eu?
- Pois sim. Na verdade, eu me tornei professor porque o senhor me inspirou a ser como você.
O velho, curioso, pergunta ao jovem que momento foi que o inspirou a ser professor. E o jovem conta a seguinte história:
- Um dia, um amigo meu, também estudante, chegou com um relógio novo e bonito, e eu decidi que o queria para mim e eu o furtei, tirei do bolso dele. Logo depois, meu amigo sentiu falta e imediatamente reclamou ao nosso professor, que era você. Então, você parou a aula e disse:
- O relógio do seu colega foi furtado hoje, durante a aula. Quem fez isso, por favor, devolva-o.
Eu não devolvi, pois queria mantê-lo comigo. Então você fechou a porta e disse para todos nos levantarmos, pois iria vasculhar nossos bolsos até encontrarmos o relógio. Mas, nos disse para fecharmos os olhos, porque só procuraria se todos estivéssemos com os olhos fechados. Então, fechamos os olhos, e você foi de bolso em bolso e, quando chegou ao meu, encontrou o relógio e o pegou. Mas você continuou procurando nos bolsos de todos e, quando terminou, disse: - "Abram os olhos. Já temos o relógio." Você não me disse nada e nunca mencionou o episódio. Nunca disse quem foi que pegou o relógio. Naquele dia você salvou a minha vida para sempre. Foi o dia mais vergonhoso da minha vida. Mas também foi o dia em que minha dignidade foi salva, evitando que me tornasse um ladrão, uma má pessoa, etc... Você nunca me disse nada e, mesmo que não tenha me repreendido ou chamado minha atenção, para me dar uma lição de moral, recebi a mensagem claramente. E, graças a você, entendi que é isso que um verdadeiro educador deve fazer. Você se lembra desse episódio, professor?
E o professor responde:
- Lembro-me da situação, do relógio furtado, que procurava em todos os bolsos, mas não lembro de você, porque eu também fechei os meus olhos, enquanto procurava.

REFLEXÃO:
Esta é a verdadeira essência do ensino! Esse texto nos mostra que é possível educar o aluno sem a necessidade de punição. É claro que, para isso, o aluno deve colaborar. Se cada um fizesse a sua parte, o ensino brasileiro melhoraria de forma considerável.

Por Nolfeu Barbosa.

 

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