O ciclone extratropical que se abateu sobre o nosso Estado, na semana passada, foi devastador e causou muitas mortes e estragos irreparáveis. Em Montenegro a situação não foi diferente. Felizmente não tivemos mortes em razão das cheias, mas algumas pessoas perderam muitas coisas, e outras perderam tudo, mesmo. Casas e prédios alagados, ruas intransitáveis, foi um verdadeiro caos. Fiquei sabendo de pessoas que se refugiaram em casas de parentes, amigos e até mesmo nos hotéis da cidade.
As famílias atingidas perderam móveis, fogão, geladeira, máquina de lavar e outros utensílios domésticos. Essas famílias levarão muito tempo para se recuperar dessa tragédia, repondo ou consertando o que foi danificado.
Desde que viemos morar em Montenegro, em 1999, fico impressionado com a resiliência e determinação das pessoas que moram em áreas próximas ao Rio Caí, e pelo modo como eles enfrentam cada cheia, cada enchente. Um dia eu perguntei a alguns amigos, que moram nas áreas atingidas, como eles faziam quando tinha enchente, e um deles disse, com a maior calma deste mundo:
- “Não tem problema, quando a água sobe, a gente levanta os móveis do chão e espera a água baixar.”
Mas, desta vez, a enchente foi muito grande e não bastou ‘levantar os móveis do chão’, como dizia o meu amigo.
Foram tomadas algumas medidas, no sentido de ajudar aos flagelados. Foram organizados postos de coleta de doações de material de limpeza e até gêneros alimentícios. A Câmara de Vereadores, através de alguns de seus membros, está gestionando, junto ao Poder Público e às empresas prestadoras de serviços, pela concessão de créditos, isenção de IPTU, contas de água e luz, até que os atingidos possam se recuperar desse golpe.
Ao pesquisar dados para escrever essa coluna, constatei que o problema das cheias é extremamente antigo. O nosso município foi emancipado em 1873, e desde essa época já havia uma preocupação com o local de construção das casas, para que não ficassem muito próximas do rio. Entretanto, a cidade foi crescendo, a população foi aumentando e se expandindo por toda a cidade, inclusive pelas áreas ribeirinhas. Em 1901 surgiu a ideia de construir o porto, e assim foi feito. Em 1904 foi inaugurado o Cais de Montenegro, ou Porto das Laranjeiras, como é chamado o cais do Rio Caí.
No início dos anos 2000 foram elaborados diversos estudos, no sentido de minorar o sofrimento dos moradores do entorno do Rio Caí, mas sempre esbarrava nos altos custos da obra. Um desses estudos teve a aprovação da Metroplan e foi enviado ao Ministério das Cidades, em Brasília, para analisar a viabilidade de sua execução. Segundo o que consegui apurar, esse projeto está parado naquele ministério, por absoluta falta de financiamento para uma obra de tamanha envergadura.
Enquanto isso, o povo montenegrino continua sofrendo com as enchentes e com os seus prejuízos repetitivos.
FÁBULA (Autor desconhecido)
A Loucura resolveu convidar os amigos para tomar um café em sua casa.
Todos os convidados compareceram. Após o café, a loucura propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
- Esconde-esconde? O que é isso? - perguntou a Curiosidade.
- Esconde-esconde é uma brincadeira. Eu conto até 100 e vocês se escondem. Ao terminar de contar, eu vou procurar, e o primeiro a ser encontrado será o próximo a contar.
Todos aceitaram, menos o Medo e a Preguiça.
- 1,2,3... - a Loucura começou a contar.
A Pressa escondeu-se primeiro, num lugar qualquer.
A Timidez, tímida como sempre, escondeu-se na copa de uma árvore.
A Alegria correu para o meio do jardim. Já a Tristeza começou a chorar, pois não encontrava um local apropriado para se esconder.
A Inveja acompanhou o Triunfo e se escondeu perto dele, debaixo de uma pedra.
A Loucura continuava a contar e os seus amigos iam se escondendo.
O Desespero ficou desesperado, ao ver que a Loucura já estava no 99.
- 100! - gritou a loucura. - Vou começar a procurar...
A primeira a aparecer foi a Curiosidade, que já não aguentava mais, querendo saber quem seria o próximo a contar.
Ao olhar para o lado, a Loucura viu a Dúvida em cima de uma cerca, sem saber em qual dos lados ficar.
E assim foram aparecendo a Alegria, a Tristeza, a Timidez...
Quando estavam todos reunidos, a Curiosidade perguntou:
- Onde está o Amor?
Ninguém o tinha visto. A Loucura começou a procurá-lo. Procurou em cima da montanha, nos rios, debaixo das pedras e nada do Amor aparecer. Procurando por todos os lados, a Loucura viu uma roseira, pegou um pauzinho e começou a procurar entre os galhos quando, de repente, ouviu um grito.
Era o Amor, gritando por ter furado o olho com um espinho. A Loucura não sabia o que fazer. Pediu desculpas, implorou pelo perdão do Amor e até prometeu segui-lo para sempre.
MORAL DA HISTÓRIA:
O Amor aceitou as desculpas e é por isso que, até hoje, o AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha.
Por Nolfeu Barbosa.