Coluna: COLUNA DO BARBOSA

Seleção de textos
11 de Novembro de 2022 às 09:26
É sexta, dia de uma nova Coluna do Barbosa. E hoje, dia 11/11, Nolfeu Barbosa nos traz três belos textos para reflexão.
É sexta, dia de uma nova Coluna do Barbosa. E hoje, dia 11/11, Nolfeu Barbosa nos traz três belos textos para reflexão.

O GARFO (Roger William Thomas)

O anúncio da chegada de Martha sempre trazia um sorriso para o rosto do padre Jim. Ela era uma das mais antigas e piedosas paroquianas. Tia Martie, como todas as crianças a chamavam, parecia espalhar fé, esperança e amor, onde quer que fosse. Mas, dessa vez, havia algo diferente em sua expressão. Com o rosto sério, ela lhe contou que o médico acabara de dizer que ela estava com câncer em estágio avançado.
- Ele disse que, na melhor das hipóteses, eu tenho três meses de vida.
As palavras de Martha eram graves, embora ela estivesse bastante calma.
- Eu lamento muito... - padre Jim começou a dizer, mas, antes que ele terminasse a frase, Martha o interrompeu:
- Não lamente. Deus tem sido muito bom comigo. Tive uma vida longa e feliz e estou pronta para ir. O senhor sabe disso...
- Sim, eu sei - murmurou o padre, aquiescendo com a cabeça.
- Mas o que desejo mesmo é falar com o senhor sobre o meu funeral. Tenho pensado muito nisso e há coisas que quero tratar com o senhor.
Os dois conversaram por um bom tempo. Falaram sobre os cânticos preferidos de Martha, suas passagens preferidas da Bíblia e as muitas lembranças que dividiram nos cinco anos em que padre Jim esteve na paróquia. Quando parecia que tinham abordado todos os aspectos, tia Martha parou, olhou para o padre com um brilho nos olhos e acrescentou:
- Há mais uma coisa. Quando eu for enterrada, quero minha velha Bíblia numa das mãos e um garfo na outra.
- Um garfo?! - O pedido surpreendeu o padre Jim: - Por que a senhora quer ser enterrada com um garfo?
- Estive pensando em todos os jantares e banquetes da igreja a que compareci ao longo dos anos. - ela explicou.
Uma coisa tinha sempre chamado a sua atenção.
- Em todas aquelas reuniões tão agradáveis, quando a refeição estava quase no final, uma empregada vinha recolher o prato sujo. Posso até ouvir as palavras agora. Alguém se inclinava sobre o meu ombro e dizia baixinho: ‘Pode ficar com seu garfo’. E o senhor sabe o que isso queria dizer? Que a sobremesa estava vindo! E não se tratava de um pote de gelatina, um pudim ou uma taça de sorvete, porque nada disso se come com garfo. Significava que era algo realmente gostoso, um bolo de chocolate ou uma torta de cereja! Quando me diziam que eu podia ficar com meu garfo, eu sabia que o melhor ia chegar. É exatamente sobre isso que quero que as pessoas falem no meu funeral. Elas podem lembrar todos os bons momentos que tivemos. Isso será ótimo. Mas, quando passarem pelo meu caixão e me virem no meu lindo vestido azul, quero que se espantem e perguntem: - Para que o garfo?
E é isso que eu quero que o senhor lhes diga: que eu fiquei com o garfo porque o melhor ainda está por vir.


O texto abaixo é do livro “Dez leis para ser feliz” (Augusto Cury)

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.


A CERCA (Autor desconhecido)

Dois vizinhos brigavam há anos na justiça, porque a cerca de uma das propriedades estava dois palmos dentro da outra. O vizinho que se sentia prejudicado estava irredutível, e o outro era muito teimoso, o que fez o processo se arrastar na justiça por longos anos.
O proprietário, cuja cerca invadira a terra do outro, já acumulava muitas dívidas de custas advocatícias e, para se vingar do outro, vendeu a sua propriedade para o seu advogado.
No primeiro dia após tomar posse da fazenda, ele foi visitar o vizinho:
- Bom dia. Sou seu vizinho agora, comprei essa fazenda.
De cara amarrada, o vizinho perguntou:
- Está sabendo que há um processo judicial, por dois palmos de invasão de sua cerca na minha propriedade?
- Estou sabendo, eu sou o advogado dessa ação.
- Mas não é por ser advogado que vai querer me intimidar...
- Não é isso, vim aqui para acertarmos essa situação. A cerca não é problema, você pode avançar para o meu lado não apenas os dois palmos da questão, mas também outros cinco palmos.
- Como assim?! Estou lutando na justiça há anos por causa de dois palmos e nada; agora você vai me dar sete palmos, ou seja, quase um metro?
- Sim, prefiro a paz entre nós a discutir dois palmos a mais ou a menos... Até porque é certo que, mais adiante, eu terei sete palmos de terra sobre mim.
O vizinho baixou a cabeça, pensou e disse:
- Sabe de uma coisa? Vamos esquecer tudo e deixar a cerca aí mesmo. Faremos uma ponte de coração para coração e seremos novos amigos.

REFLEXÃO:
Assim também são algumas pessoas. Brigam durante anos por picuinhas, ficam de mal por coisas que não somam nada, e esquecem que o mais importante é ter paz de espírito, é saber levar a vida com leveza. Afinal, a única terra que teremos, no fim da vida, será aquela que cobrirá os nossos caixões, não é verdade? Estamos falando daqueles que não forem cremados, é claro...

Seleção de textos feita por Nolfeu Barbosa.

 

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