Toda língua tem algumas expressões que fazem sentido dentro de seu contexto, com significados próprios, muitas vezes diferentes do sentido literal das palavras. Algumas vezes, usamos essas expressões e ditos populares, mas não temos ideia do que elas significam, ou de qual é a sua história. Ao investigar a origem dessas expressões, nota-se que o significado, e até mesmo as palavras de alguns ditos populares, sofreram alterações com o tempo. Isso acontece porque há uma relação muito forte com a oralidade. Vamos conhecer a forma original de alguns ditos?
O mais intrigante e interessante, ao meu ver, é:
“Cor de burro quando foge”.
Significado: Está indefinido, não tem uma cor definida.
Origem: O burro, quando enraivecido, é muito perigoso. Nesse contexto, a frase original tinha mais sentido: “Corro do burro quando ele foge”. A tradição oral foi modificando a frase, e a palavra “corro” foi transformada em “cor”. Com a mudança, um novo sentido foi atribuído a esse dizer popular.
“Quem não tem cão, caça com gato.”
Significado: Você deve se virar como puder, com os recursos que tem, para alcançar seus objetivos.
Origem: A expressão correta seria “Quem não tem cão, caça como gato”. Isto é, caça sozinho, astutamente, sorrateiramente, escondendo-se como faz realmente um felino.
"Esse menino parece que tem bicho carpinteiro."
Significado: O menino é muito agitado, não para quieto.
Origem: A expressão original era “Esse menino parece que tem bicho no corpo inteiro”, que também tem o sentido de um corpo agitado, que não consegue ficar parado. Segundo o dicionário Houaiss, o bicho carpinteiro é uma espécie de besouro que, durante o estágio de larva, broca troncos e cascas de árvores.
“Quem tem boca vai a Roma”.
Significado: Quem sabe se comunicar vai a qualquer lugar.
Origem: Originalmente, o provérbio era “Quem tem boca vaia Roma”, do verbo vaiar. Neste caso, não somente a expressão como seu significado sofreram alterações com o passar do tempo. Na época do imperador romano Júlio Cesar, ninguém podia contrariar sua opinião. Portanto, a plebe e os escravos acreditavam que a cidade de Roma merecia vaias por causa de seu imperador. Com o tempo, o dito foi sendo alterado em função do que o povo ouvia, até mudar totalmente o sentido.
“O menino é cuspido e escarrado o pai”.
Significado: O menino é muito parecido com o pai.
Origem: Esse dito popular, na realidade, era “esculpido em carrara” (onde era esculpido o melhor mármore). À medida que o provérbio foi passando de boca em boca, sofreu alterações nas palavras, mas o significado se manteve.
“O colega enfiou o pé na jaca ontem”.
Significado: O colega cometeu excessos ontem, bebeu demais.
Origem: A origem dessa expressão remonta aos tempos em que os bares tinham, na parte da frente, cestas com legumes e frutas para serem vendidos. Essas cestas tinham o nome de “jacá”. Quando uma pessoa bebia demais, ficava de pileque, saía cambaleando e enfiava o pé no jacá, pois não percebia a presença dele. Por isso, a expressão “verdadeira” era “Enfiou o pé no jacá”. À medida que essa expressão foi sendo usada e apropriada pelos brasileiros, foi passando de boca em boca e foi modificada para “jaca”.
"Batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão".
O correto é: "Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão".
"São ossos do ofício".
O correto é: "São ócios do ofício".
"Hoje é domingo, pé de cachimbo".
O correto é: "Hoje é domingo, pede cachimbo" (do verbo pedir).
ARRISCAR-SE É VIVER (Sören Kierkegaard)
Rir é arriscar-se a parecer louco. Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor o seu eu verdadeiro.
Expor suas ideias e sonhos em público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer.
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.
Mas... é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer, mudar, amar, viver...
Acorrentadas às suas atitudes, são escravas, abrem mão da sua liberdade.
Só a pessoa que arrisca é livre...
Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.
Não se arriscar é perder a vida toda.
Seleção feita por Nolfeu Barbosa