Coluna: Geral RS

Por falta de provas um juiz absolveu Geddel Vieira Lima da acusação de obstrução de Justiça
05 de Julho de 2018 às 09:40
Ex-ministro virou réu em agosto do ano passado| Foto: Agência Brasil
Ex-ministro virou réu em agosto do ano passado| Foto: Agência Brasil

O juiz Vallisney de Souza, da Justiça Federal de Brasília, absolveu por falta de provas o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) da acusação de obstrução de Justiça. Geddel virou réu em agosto do ano passado após ter sido acusado pelo MPF (Ministério Público Federal) de tentar atrapalhar investigações sobre desvios no FI-FGTS (Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Em julho do ano passado, o ex-ministro da Secretaria de Governo chegou a ser preso, por decisão de Vallisney de Souza, em razão das suspeitas de que ele atrapalhava o andamento das investigações da Operação Cui Bono. A acusação afirmou que, após as tratativas do operador Lucio Funaro para fechar o acordo de delação premiada, Geddel passou a atuar para atrapalhar as negociações. O político fez, conforme o Ministério Público, contatos telefônicos com a esposa de Lúcio Funaro, Raquel Albejante Pitta, na intenção de ameaçá-la.

“Não há prova de que os telefonemas tenham consistido em monitoramento de organização criminosa, tampouco de que ao mandar um abraço para Funaro, nos telefonemas dados a Raquel, o acusado Geddel, de maneira furtiva, indireta ou subliminar, mandava-lhe recados para atender ou obedecer à organização criminosa”, disse o juiz na decisão.

“Levo em consideração, ainda, o fato de que Lúcio Funaro, conquanto estivesse, à época, numa condição pessoal desfavorável, por estar preso na Penitenciária da Papuda/Brasília, sempre mostrou independência, altivez e destemor, seja nas audiências das quais participava, seja pelo fato de estar sempre amparado por qualificados advogados, não parecendo, num Juízo presumível, ser pessoa que se dobra facilmente, que se atemoriza ou fica sob o grilhão ou controle emocional de outra pessoa ou grupo”, anotou.

“Além disso, sua esposa Raquel Pitta afirmou categoricamente, em Juízo, que as conversas com Geddel eram espontâneas e nunca sentiu nelas qualquer constrangimento, ou viu em Lúcio (com quem compartilhava prontamente os telefonemas/mensagens do acusado) qualquer temor ou constrangimento, tanto que chegou a enviar a Geddel fotografias da filha”, concluiu o juiz.

O ex-ministro, que antes não mantinha contato com a mulher de Funaro, teria passado a fazer insistentes ligações para ela, especialmente nas sextas-feiras, dia de vem visitava o marido na prisão. Muitas vezes, os telefonemas eram no período da noite, a propósito de perguntar sobre o “estado de ânimo” de Funaro.

Por meio de seu advogado, Bruno Espiñeira, Funaro fez chegar à Polícia Federal ‘impressos de ligações’ recebidas por Raquel via WhatsApp. As ligações foram feitas por um certo ‘Carainho’, que, segundo os investigadores, é Geddel.

Em audiência de custódia, quando foi preso pela primeira vez e chorou, de cabeça raspada, em frente às câmeras da 10ª Vara Federal. Na ocasião, ele negou obstrução, mas admitiu mais de dez ligações com a mulher do doleiro. “Acabei de dizer que nesta ligação se tratou exatamente: ‘como vai você?’, porque é o mínimo. ‘Sua família está bem?’ Não se tratou de marido dela, de esposo dela, nada disso”, afirmou Geddel.

Fonte: Osul

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