O STF (Supremo Tribunal Federal) entendeu nesta terça-feira (12) que ministros do governo só serão julgados na Corte se o suposto crime foi cometido em razão do cargo e no exercício da função. A decisão foi tomada pela maioria dos ministros durante a análise de uma questão de ordem sobre a denúncia contra o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), atualmente licenciado do mandato de senador.
Em maio, o Supremo Tribunal Federal decidiu restringir o foro privilegiado de deputados federais e de senadores a crimes cometidos no exercício do mandato e em razão da atividade parlamentar. Ao analisar o caso de Blairo Maggi, a 1ª Turma do STF decidiu encaminhar a denúncia para a primeira instância da Justiça do Mato Grosso.
Isso porque as acusações se referem à época em que Blairo era governador do Mato Grosso. A suspeita é de corrupção ativa por suposta compra de cadeira no Tribunal de Contas do Estado.
Após a decisão do Supremo, a assessoria de Blairo divulgou a seguinte nota:
“Quando decidiu abrir mão em fevereiro de 2018 de disputar à reeleição ao Senado, antes do julgamento do STF restringindo o foro, o ministro Blairo Maggi fez uma opção consciente por desconsiderar qualquer hipótese de se valer de foro privilegiado em julgamentos. A remessa do caso à Justiça de Mato Grosso é um desdobramento natural da investigação. O ministro reafirma sua confiança na Justiça, onde provará sua inocência.” Outro acusado no caso, Sérgio Ricardo de Almeida, é conselheiro do tribunal de contas de MT e ex-deputado estadual.
Próximos passos
Embora o entendimento da maioria dos ministros da 1ª Turma tenha sido restringir o foro de ministros de Estado, a decisão foi tomada em um caso específico. Situações envolvendo outros ministros do governo, portanto, podem ter que ser rediscutidas. Além disso, se a 2ª Turma do STF tiver um entendimento diferente, a palavra final poderá caber ao plenário do Supremo.
Inicialmente, a PGR (Procuradoria-Geral da República) havia pedido para o processo de Blairo ser remetido para o Superior Tribunal de Justiça, em razão do envolvimento do conselheiro. Depois, a subprocuradora presente à sessão, Cláudia Sampaio, ajustou o entendimento da PGR para que fosse para a primeira instância. A defesa questionou se o caso deveria ter outro relator, o ministro Dias Toffoli, que já havia arquivado um inquérito com tema semelhante. Esse pedido, no entanto, foi rejeitado por unanimidade pela Turma.
Votos dos ministros
Ao analisar o caso, o ministro Luiz Fux votou por restringir o foro de ministros e de conselheiros do tribunal de contas. Acompanharam o voto dele os ministros Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Marco Aurélio Mello. “A razão de decidir no julgamento aplica-se indistintamente em relação a qualquer hipótese de prerrogativa de foro por função”, entendeu Fux.
Alexandre de Moraes divergiu por considerar que o caso deveria ir para o Superior Tribunal de Justiça, uma vez que outro acusado é conselheiro do tribunal de contas, e o STF não havia restringido o foro para esta função.
Em relação a Blairo Maggi, no entanto, Moraes entendeu que, como ele é senador licenciado, poderia ser aplicada a regra de restrição do foro.
Atualmente, cinco ministros do governo Temer são alvos de inquéritos no STF:
Aloysio Nunes (Relações Exteriores): um inquérito;
Blairo Maggi (Agricultura): mais um inquérito além do que foi para primeira instância;
Eliseu Padilha (Casa Civil): três inquéritos;
Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações): três inquéritos;
Moreira Franco (Minas e Energia): um inquérito.
Todos eles negam envolvimento em irregularidades.
Fonte: Osul