Coluna: Geral RS

Equipe de jornalismo é brutalmente agredida por PMs em Alegrete
20 de Junho de 2020 às 13:09
A proibição impetrada por alguns militares do Exército, de fazer imagens de um caminhão boiadeiro da referida instituição, foi o motivo que levou à agressão de dois jornalistas de Alegrete.
A proibição impetrada por alguns militares do Exército, de fazer imagens de um caminhão boiadeiro da referida instituição, foi o motivo que levou à agressão de dois jornalistas de Alegrete.

O repórter Alex Stanrlei e o diretor Paulo de Tarso Pereira, jornalistas que atuam no Jornal "Em Questão", da cidade de Alegrete, foram brutalmente agredidos por dois policiais militares da cidade de Rosário do Sul. As agressões aconteceram na frente da Delegacia de Plantão e Pronto Atendimento de Alegrete. O motivo: proibição impetrada pelos militares do Exército, tenente Patrícia Kappaun e o soldado Willian dos Santos Nogueira, ambos lotados em Rosário do Sul, do registro de imagens de um caminhão boiadeiro do Exército.

A tenente criou uma norma e fez o soldado cumprir. O repórter não poderia fazer imagem do caminhão estacionado ao lado da DPPA. Houve um ruído entre as partes e Alex Stanrlei abdicou desta imagem, mas fez a live registrando o fato e destacando o trabalho da BM de Rosário do Sul.

Havia outra pauta para ser cumprida, mas foi impedido pelo PM Santo André de Freitas. O diretor do Em Questão, ao ser informado, se deslocou até o local, se identificando, mas foi prontamente repelido por este policial. O mesmo mantinha o repórter sentado no chão, na frente da Delegacia e ao ser questionado sobre aquela situação aviltante e quais crimes o repórter havia cometido, ficou visivelmente irritado. Exigiu a comprovação de que o jornalista era mesmo diretor do jornal, e obteve a resposta de que ninguém anda com um contrato social no bolso. Então, o PM, Santo André, alegou que a CNH do repórter não estava em dia, apesar do repórter não estar dirigindo. Neste momento, Alex pediu pra ser conduzido pra dentro da Delegacia para que o ato administrativo fosse feito de forma digna.

Como à cada argumento o PM ficava mais alterado, Paulo de Tarso passou a gravar a forma acintosa e prepotente com que o caso estava sendo conduzido. Isto perturbou ainda mais o PM, sendo que neste instante saltou pelas costas do diretor do jornal o segundo policial militar, Marion Soares da Silva, que de forma truculenta, deu uma forte gravata no jornalista, que passou a ficar com falta de ar, sendo asfixiado e tendo seu pescoço cada vez mais garroteado pelo violento policial. O jornalista foi derrubado e chutado, além de ter seu celular arrancado de suas mãos. O repórter Alex, na tentativa de impedir que a agressão covarde continuasse, também foi imobilizado e de repente os dois PMs o derrubaram. Alex foi arrastado, sendo que o PM Marion subiu sobre suas costas, quando já estava imobilizado e algemado. Os dois repórteres foram detidos. Os dois militares que fomentaram toda a série de atos violentos, de truculência gratuíta, não impediram a sessão de espancamento, apesar do apelo do jornalista.

Já no interior da DPPA, o PM Santo André continuou provocando, na tentativa debochada e desairosa de humilhar o diretor do jornal, com charadinhas baixas do tipo, ” tu é um velho, nem pode estar na rua nesta hora”. Mal sabe ele, que além de ferir, causar lesões corporais e obstruir e cercear o trabalho da imprensa, vai render-lhe a instauração de um inquérito policial onde responderá por abuso de autoridade. Depois virão as ações que os advogados José Luiz Nemitz e Ranier Nemitz ingressarão junto a Corregedoria da Brigada Militar e à Comissão de Direitos Humanos na esfera municipal e estadual.

Com relação aos dois militares que deram causa, com interpretação obtusa da Lei, o rito será na esfera do Ministério Público Militar, com o pedido da instauração de um IPM.

Nesta sexta-feira, devido as dores, as lesões e à exaustão física e psicológica os repórteres não conseguiu levar ao ar o Programa Pagina 2, pelo Facebook, e a edição on line do Em Questão será publicada, excepcionalmente no sábado.

Os comunicadores já realizaram exames de corpo delito e segunda-feira prestam depoimento no inquérito Policial que vai apurar o crime de abuso de autoridade.

Fonte: com informações do Jornal Em Questão.

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