O Café Comercial fica no coração do centro de Montenegro, na esquina das ruas Ramiro Barcelos e Olavo Bilac. É passagem quase que obrigatória de todos que transitam pelo centro da cidade. Pelo interior do café circulam pessoas dos mais variados matizes, incluindo os moradores e as pessoas oriundas dos municípios vizinhos, que vêm à cidade para tratar de diversos interesses, como consultas médicas, assuntos bancários e outras coisas. Essas pessoas entram no café para fazer um lanche, beber um refrigerante ou até mesmo uma simples água mineral.
Os irmãos Gláucio, Roque e Lovani Theisen são proprietários do café desde o ano de 1989 e servem um café de primeira qualidade, além de doces, salgados, pastéis e sanduíches. O prédio é antigo e carece de conservação, mas as amizades que rolam ali dentro não têm preço.
Na nossa mesa sentam os sessentões, setentões e até oitentões, mas de vez em quando senta alguém com menos idade, entre 30 e 50 anos, com a desculpa de que querem aprender com os mais velhos. Não sei se isso é verdade ou se dizem isso apenas para nos lisonjear. Ali falamos sobre todos os assuntos, tais como futebol, música, política e, de vez em quando, alguém conta uma piada para a turma rir um pouquinho. Às vezes surge a notícia triste sobre a morte de algum amigo, conhecido ou até mesmo de um integrante da nossa mesa. Lamentamos a perda, ficamos tristes, mas logo alguém já muda de assunto, pois a vida tem que seguir seu curso.
Duas mesas são colocadas na calçada frontal do café, onde sentam alguns amigos que não gostam de ficar lá dentro. Ficam ali por horas, conversando e bebericando um cafezinho. Nessa roda de amigos o assunto predominante é a política, tanto no âmbito municipal, estadual e até no federal.
Eu frequento o café há quase vinte anos e, durante esse tempo, conheci vários moradores da cidade e desenvolvi boas amizades. Essa reunião matutina com os amigos é uma forma bastante salutar de passarmos os nossos dias.
AOS FILHOS E FILHAS
No dia em que eu não puder ir mais até você, não se esqueça de vir até mim.
Se um dia eu não puder lembrar o seu nome, venha me lembrar quem você é.
Se um dia eu não puder expressar o meu orgulho e amor por você, apenas sinta que em minha alma nada disso se perdeu.
Você continua e continuará sendo a parte mais importante da minha vida.
VOLTA ÀS AULAS
Começou mais um ano letivo. Sempre é bom recordar uma mensagem que rola nas redes sociais, sobre o que diz um professor durante uma reunião de pais e mestres, na escola onde ele lecionava:
“Lembramos aos senhores pais que é em casa que se aprende as palavras mágicas: bom dia, boa tarde, com licença, desculpe e muito obrigado.
É em casa que também se aprende a ser honesto, não mentir, ser correto, ser pontual, não xingar, ser solidário, respeitar os amigos, os mais velhos e os professores.
Também é em casa que se aprende a ser limpo, não falar com a boca cheia e a não jogar lixo no chão.
Ainda em casa é que se aprende a ser organizado, cuidar das suas próprias coisas e não mexer nas coisas dos outros.
Aqui, na escola, nós ensinamos:
Matemática, Português, História, Ciências, Geografia, Inglês e Educação Física. E nós apenas reforçamos a educação dos alunos, que deve ser adquirida em casa.”
A ÚLTIMA CEIA
Ao conceber seu famoso afresco “A Última Ceia”, Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava pintar o Bem - na imagem de Jesus - e o Mal - na figura de Judas. Resolveu sair procurando por Milão os modelos que representassem os dois.
Certo dia, enquanto assistia a um coral, viu em um dos rapazes a imagem ideal de Jesus Cristo. Convidou-o para o seu ateliê, e reproduziu seus traços em estudos e esboços. Antes de o rapaz sair, mostrou-lhe a ideia do afresco, e elogiou-o por representar tão bem a face de Jesus.
Passaram-se vários anos. A “Santa Ceia”, que enfeitava uma das igrejas mais conhecidas da cidade, estava quase pronta - mas Da Vinci ainda não havia encontrado o modelo ideal de Judas. O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressionar Da Vinci, exigindo que terminasse logo o seu trabalho.
Depois de muitos dias procurando, o pintor encontrou um jovem prematuramente envelhecido, esfarrapado, bêbado, atirado na sarjeta. Com dificuldade, pediu a seus assistentes que o levassem até a igreja, pois já não tinha mais tempo de fazer esboços.
O mendigo foi carregado até lá, sem entender direito o que estava acontecendo; os assistentes o mantinham de pé, enquanto Da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas naquela face.
Quando terminou o trabalho, o mendigo, já um pouco curado de sua ressaca, abriu os olhos e notou o afresco na sua frente. Ele disse, numa mistura de espanto e tristeza:
- Meu Deus! Terei eu caído tanto? Eu já vi este quadro antes!
- Isso é impossível. Quando? - perguntou um surpreso Da Vinci.
- Há alguns anos, antes de eu perder tudo que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, e o artista me convidou para posar como modelo para a face de Jesus.
Aquele era um homem jovem, cujo caráter era puro e intocado pelo pecado, a ponto de ser escolhido para representar a face de Jesus Cristo. Mas, com o passar dos anos e seguindo uma vida errada e desregrada, transformou-se no retrato do maior traidor da história do mundo.
Por Nolfeu Barbosa.