Coluna: COLUNA DO BARBOSA

Seleção de textos
13 de Janeiro de 2023 às 09:27
Sexta-feira é dia da Coluna do Barbosa, que traz hoje, 13 de janeiro, dois novos belos textos para reflexão, sendo um deles de autoria do escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo.
Sexta-feira é dia da Coluna do Barbosa, que traz hoje, 13 de janeiro, dois novos belos textos para reflexão, sendo um deles de autoria do escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo.

A PESSOA ERRADA (Luís Fernando Veríssimo)

Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa faz tudo certinho!
Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente está precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é pra, na hora em que vocês se encontrarem, a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada é, na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando tuas lágrimas. Essa pessoa vai tirar teu sono.
Essa pessoa talvez te magoe e depois te encha de mimos pedindo teu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao teu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você.
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa.
Nada aqui é certo!
O que é certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo...
E só assim é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz:
"Graças a Deus, deu tudo certo!"
Quando, na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada para que as coisas comecem realmente a funcionar direito pra gente...


O DIVÓRCIO (Fábio Teruel)

Depois de quase 30 anos juntos, um casal foi até o advogado para assinar a papelada do divórcio. Enquanto a mulher assinava ali os papéis, ela disse baixinho:
- Me desculpe, mas... é que eu não posso mais viver assim.
O homem apenas balançou a cabeça, dizendo:
- Eu respeito sua decisão. Eu só quero uma coisa: janta, então, comigo hoje? Um último jantar?
Ela aceitou. Já no restaurante, a comida chegou, e o marido deu para a esposa a coxa do frango e disse:
- Toma! Fique com ela. Afinal, você sempre gostou de coxa de frango.
- É aí que está o problema - disse ela.
- Como assim? - ele perguntou, surpreso...
- Você sempre achou que sabia tudo de mim. Mas a verdade é que nunca se preocupou em saber o que eu queria, o que eu gostava, o que eu pensava.
- Espera aí, mas eu não estou entendendo.
- Você fez isso comigo a vida inteira, e nunca percebeu que eu deixava a coxa de frango do lado do prato. Eu nunca gostei de frango, na verdade eu detesto frango. Você nunca quis saber o que eu pensava, o que eu sentia, o que eu achava, o que eu gostava ou deixava de gostar!
Aquilo mexeu com aquele homem.
Depois do jantar ela foi para a casa onde eles moravam e ele foi para o apartamento que ele havia alugado. Tentou dormir, mas não conseguiu, ficou pensando naquelas palavras. Aquilo doeu demais no fundo do seu coração.
“Ah, meu Deus, como pode eu ter agido errado a vida inteira? Eu preciso ligar pra ela, eu preciso conversar com ela, pedir o seu perdão”.
Mas o telefone tocou, tocou e ela não atendeu.
A dor no coração do homem era tremenda, ele queria falar do seu arrependimento, do quanto a amava, do quanto ainda a queria...
No dia seguinte, bem cedinho, a mulher acordou com o seu filho em sua casa:
- Mãe, o pai morreu essa noite.
- O quê?! Como? Eu jantei com ele ontem à noite!
- Ah, mãe, foi um ataque fulminante do coração. Eu tenho que ir, eu preciso correr atrás da papelada para o funeral.
- Está bem, filho, qualquer coisa me ligue.
Antes de sair ele entrega algo para sua mãe.
- Olha, eu encontrei essa carta para você no quarto do papai.
- Para mim?
A mulher pega a carta e começa a ler, e não consegue segurar as lágrimas. Ali estava escrito:
“Meu bem, como é que pode eu ter vivido ao seu lado por 30 anos e não ter prestado atenção em você? Eu sempre quis que você me ouvisse, mas nunca parei para ouvi-la. Eu sempre falei dos meus sonhos, dos meus planos, mas nunca parei para ouvir os seus planos e sonhos. Nós sempre fazíamos aquilo que eu gostava, mas eu nunca sequer perguntei se era aquilo que você também gostava. Eu sempre esperei que você me encorajasse, me motivasse, me apoiasse, e em nenhuma vez a encorajei, a motivei ou apoiei. Me desculpe, que tolo eu fui. Eu só quero que você saiba o quanto eu me arrependo. Eu sinto que não tenho muito tempo de vida, mas eu só queria que você soubesse que a promessa que fiz para você, diante do altar, eu vou cumprir: eu vou te amar por toda a minha vida!”

REFLEXÃO:
E você, tem escutado o que sua companheira/esposa/parceira diz, ou pensa? Ou apenas faz tudo sozinho, sem considerar a opinião dela? Se for assim, cuidado! Você pode estar a um passo de desgastar o seu relacionamento.
Lembre-se de que é muito importante o marido valorizar e respeitar o que a esposa diz ou pensa. E é mais importante, ainda, que a mulher sinta que realmente faz parte dessa união, dessa parceria.
Nunca menospreze os pensamentos, as opiniões e os sentimentos de sua parceira. O entendimento, o respeito mútuo e a empatia, são fatores preponderantes para a manutenção de um bom relacionamento.
Nunca se esqueça disso.

Textos selecionados por Nolfeu Barbosa.

 

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