
O JORNALEIRO
Um empresário brasileiro, muito bem sucedido, fazia uma palestra numa entidade que abrangia empresas do seu ramo, quando lhe foi perguntado:
- Senhor Marcondes, o senhor é o homem mais rico do Brasil?
O empresário pensou um pouco e respondeu:
- Não. Eu conheci um homem mais rico que eu. Foi durante o tempo em que eu não era rico nem famoso. Eu estava no aeroporto Santos Dumont, quando vi um vendedor de jornais. Eu queria comprar um jornal e, ao tê-lo em minhas mãos, percebi que não tinha moedas suficientes. Então, deixei de lado a ideia e devolvi o jornal ao vendedor. Eu disse-lhe que não tinha moedas suficientes para comprá-lo.
O vendedor disse:
- Leve o jornal, eu estou te dando de graça.
Eu agradeci, mas diante da sua insistência, levei o jornal.
Casualmente, depois de dois meses, aterrissei de novo no mesmo aeroporto e novamente me faltavam moedas para comprar um jornal. O vendedor ofereceu-me o jornal de graça novamente. Eu recusei e disse-lhe que não podia aceitá-lo, porque nessa ocasião eu também não tinha nenhum tostão.
Ele me olhou com um ar simpático, e disse:
- Você pode levá-lo, estou compartilhando isso dos meus ganhos, não estarei perdendo.
Peguei o jornal e agradeci.
Depois de quase 20 anos eu me tornei famoso e conhecido pelas pessoas. De repente, lembrei-me daquele vendedor. Comecei a procurá-lo e, depois de aproximadamente dois meses de busca, eu o encontrei. Ele era proprietário de uma revistaria a uma quadra do aeroporto onde eu o conheci.
Eu perguntei a ele:
- Você me conhece?
Ele disse:
- Sim, você é o Senhor Marcondes.
Perguntei-lhe de novo:
- Lembra que uma vez me deste o jornal grátis?
O vendedor disse:
- Sim, eu lembro, te dei o jornal duas vezes.
Eu disse-lhe:
- Eu quero pagar a ajuda que você me deu naquelas duas vezes. O que você quiser na sua vida, diga-me, eu dou.
O vendedor disse:
- Senhor Marcondes, acredita mesmo que, fazendo isso, poderá igualar a minha ajuda daquela época?
- Por que não? - Eu perguntei.
Ele disse:
- Eu te ajudei quando eu era um pobre vendedor de jornais e agora você está tentando me ajudar quando você se tornou um dos homens mais ricos do Brasil. Como pode sua ajuda se igualar à minha?
Naquele dia eu percebi que o vendedor de jornais era mais rico do que eu, porque ele não esperou se tornar rico para ajudar alguém. As pessoas precisam entender que os verdadeiramente ricos são aqueles que possuem um coração rico, em vez de muito dinheiro. É muito fácil doar quando nos sobra, o difícil é presentear, ainda sem ter muito para dar.
ATITUDES
Álvaro trabalhava em uma fábrica. Funcionário sério, dedicado,
cumpridor de suas obrigações e, por isso mesmo, está com seus 20 anos de casa. Um belo dia, ele vai ao dono da empresa para fazer uma reclamação:
- Patrão, eu tenho trabalhado durante esses 20 anos em sua empresa, com toda a dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado. O Luiz, que está conosco há somente três anos, está ganhando mais do que eu.
O patrão, fingindo não ouvi-lo, disse:
- Foi bom você vir aqui. Tenho um problema para resolver e você poderá fazê-lo. Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço de hoje. Ali na esquina tem a fruteira do senhor Zeca. Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi.
Álvaro, sem entender direito, saiu da sala e foi cumprir a missão. Em cinco minutos estava de volta.
- E aí, Álvaro? - perguntou o patrão.
- Verifiquei, como o senhor mandou. O moço tem abacaxi.
- E quanto custa?
- Isso eu não perguntei, não.
- Eles têm quantidade suficiente para atender a todos os funcionários da fábrica? - quis saber o patrão.
- Também não perguntei isso...
- Há alguma outra fruta que possa substituir o abacaxi?
- Não sei, não...
- Muito bem, Álvaro. Sente-se ali naquela cadeira e aguarde um pouco.
O patrão pegou o telefone e mandou chamar o Luiz. Deu a ele a mesma
orientação que dera ao Álvaro. Em oito minutos, o Luiz voltou.
- E então, Luiz? - indagou o patrão.
- Eles têm abacaxi, sim. Em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. E, se o senhor preferir, tem também laranja, banana, melão e mamão. O abacaxi custa R$ 6,00 cada; a banana e o mamão custam R$ 6,50 o quilo; o melão a R$ 5,20 a unidade, e a laranja a R$ 80,00 o cento, já descascada. Mas como eu disse que a compra seria em grande quantidade, eles me concederam um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo, - explicou o Luiz.
Agradecendo pelas informações, o patrão dispensou-o. Voltou-se para o Álvaro, que permanecia sentado ao seu lado, e perguntou-lhe:
- Álvaro, o que era mesmo que você estava me dizendo?
- Nada sério não, patrão. Esqueça. Com a sua licença.
E o Álvaro deixou a sala e voltou ao trabalho.
REFLEXÃO: Assim também é a vida de muitas pessoas. Fazem apenas o necessário e se sentem muito injustiçadas. São incapazes de se doar um pouquinho mais, de fazer um pouco além do que lhes é pedido, e se tornam pessoas muito acomodadas. Se saíssem um pouco de sua zona de conforto, talvez fossem mais felizes e satisfeitas com sua vida profissional.
Seleção de textos feita por Nolfeu Barbosa.