SER FELIZ COM PEQUENAS ALEGRIAS
O advérbio “melhor” nos acompanha quase que diariamente nos nossos pensamentos. Sempre procuramos o melhor para as nossas vidas, seja um emprego, uma casa ou um caminho para o trabalho. Essa busca eterna por algo mais, pode nos impedir de enxergar quantas alegrias vivemos nesse meio tempo. É obvio que não devemos passar a vida inteira nos contentando com pouco, mas certamente nos deparamos, diariamente, com pequenos gestos que nos causam muita alegria. Se acharmos que o “mais” e o “melhor” são determinantes para a nossa felicidade, perderemos inúmeras maravilhas que passam o tempo todo do nosso lado.
Seja o modo engraçado do seu filho ao acordar pela manhã, ou como sua mulher ri do seu jeito desastrado, tudo isso também deve ser incluído como felicidade. As peculiaridades diárias são as pequenas alegrias que não podemos dispensar. Mesmo que busquemos algo “melhor”, não deixemos de valorizar os pequenos risos que também fazem parte da nossa felicidade.
A ÁRVORE DOS PROBLEMAS
O carpinteiro terminou mais um dia de trabalho. Como era final de semana, ele resolveu convidar um amigo para beber algo em sua casa.
Ao chegar, antes de entrarem, o carpinteiro parou por alguns minutos, em silêncio, diante de uma árvore que ficava no seu jardim. Em seguida, tocou seus ramos com ambas as mãos. Imediatamente seu rosto mudou. Entrou em casa sorrindo, foi recebido pela mulher e filhos, contou histórias, e saiu para beber com o amigo, na varanda. Dali podiam ver a árvore. Sem conseguir controlar sua curiosidade, o amigo perguntou o que ele fizera antes.
- Ah, esta é a árvore dos meus problemas – respondeu. – Sei que não posso evitar ter aborrecimentos no meu trabalho, mas estas preocupações são minhas, e não pertencem à minha esposa, nem aos meus filhos. Assim, quando chego aqui, penduro meus problemas nos ramos daquela árvore. No dia seguinte, antes de sair para o trabalho, eu os recolho de novo. O mais curioso, porém, é que quando saio de manhã e vou procurá-los, alguns já não estão mais ali, e outros parecem bem menos pesados do que na noite anterior.
A FOLHA AMASSADA
Quando criança, por causa de meu caráter impulsivo, tinha raiva à menor provocação. Na maioria das vezes, depois de um desses incidentes, me sentia envergonhado e me esforçava por consolar a quem tinha magoado. Um dia, meu professor me viu pedindo desculpas, depois de uma explosão de raiva, e entregou-me uma folha de papel lisa e me disse:
- AMASSE-A!
Com medo, obedeci e fiz com ela uma bolinha.
- Agora, deixe-a como estava antes. - Voltou a dizer-me.
Óbvio que não pude deixá-la como antes. Por mais que tentasse, o papel continuava cheio de pregas.
O professor me disse, então:
- O coração das pessoas é como esse papel. A impressão que neles deixamos será tão difícil de apagar como esses amassados.
Assim, aprendi a ser mais compreensivo e mais paciente.
Quando sinto vontade de estourar, lembro daquele papel amassado.
A impressão que deixamos nas pessoas é impossível de apagar.
Quando magoamos alguém com nossas ações ou com nossas palavras, logo queremos consertar o erro, mas é tarde demais...
Alguém já disse, certa vez:
- Fale somente quando suas palavras possam ser tão suaves como o seu silêncio. Mas não deixe de falar, por medo da reação do outro. Acredite, principalmente, nos seus sentimentos!
A TORRADA QUEIMADA
Quando eu ainda era um menino, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho muito duro.
Naquela noite distante, minha mãe colocou um copo com leite e um prato com torradas bastante queimadas, para o meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe, e me perguntar como tinha sido o meu dia na escola.
Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada pedaço.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por ter queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:
- Amor, eu adoro torrada queimada.
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele realmente gostava de torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:
- Filho, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada. Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor cozinheiro do mundo.
O que eu tenho aprendido, através dos anos, é que saber aceitar as falhas alheias, relevando as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.
Seleção de textos feita por Nolfeu Barbosa.